
Doug experimenta uma visível sensação de sufocamento, uma insatisfação que tem nome, mas não encontra voz. Ele e a mulher nunca falam da filha morta, nem de nada que os incomoda.
Uma viagem a New Orleans, onde Doug participa de uma convenção de vendedores, tira o homem desta rotina. O novo ambiente parece renová-lo e o coloca diante de outros desafios. A entrada num dos inúmeros barzinhos suspeitos da colorida cidade da Louisiana leva-o de encontro a uma jovem prostituta, Mallory (Kristen Stewart).
A primeira aproximação de Doug com a jovem parece levar a um encontro sexual. Mas logo fica bem claro que o homem procura outra coisa com a jovem – resgatá-la desse tipo de vida. Coisa que a moça, desbocada e raivosa, não parece nada disposta a aceitar.
Se há algo que caracteriza Doug é a persistência. Não demora muito e ele se instala na casa de Mallory – que, na verdade, se chama Allison. Ele vira seu inquilino e, nas horas vagas, conserta coisas. A raiva da menina aos poucos se transforma numa tolerância às vezes amistosa com o intruso paternal, que controla sua alimentação e a arrumação da casa.
O terceiro elemento deste relacionamento inusitado é Lois. Quando entende que o marido está ligado a outra pessoa, ela faz uma tentativa extrema para superar o pânico que a impede de sair dos limites de seu lar protegido. Pode-se compartilhar o tamanho deste esforço na emblemática cena em que a mulher tenta tirar o carro da garagem e dar a partida para colocar-se na estrada.
Lois torna-se um outro dado na tentativa de redenção de Mallory – um processo no qual o mais evidente é a ansiedade do próprio casal para reencontrar-se emocionalmente. Por isso, nada mais falso do que a propaganda do filme, que insinua um romance entre Doug e Mallory, que nunca acontece. A história caminha num rumo bem mais família, o que não é nenhum defeito.
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